Um cérebro grande não é necessário para dar aulas. Antes que professores fiquem indignados e inundem a Folha com cartas raivosas, segue o motivo: a afirmação se refere a formigas, e foi feita por dois pesquisadores que analisaram um fenômeno único na natureza --um inseto ensinando outro.
"Nossa identificação de comportamento de ensino em uma formiga mostra que um cérebro grande não é um pré-requisito para isso", escrevem Nigel Franks e Tom Richardson, da Universidade de Bristol, Reino Unido, na edição 2006 da revista científica "Nature".
Claro, o cérebro continua importante. "Talvez animais com cérebro grande possam muitas vezes aprender de modo independente", disse Franks à Folha .
Os dois afirmam que o exemplo que encontraram de relacionamento professor-aluno é inédito no reino animal, descontando-se o ser humano. "Um indivíduo é um professor se ele modifica seu comportamento na presença de um observador, com algum custo inicial para ele próprio, para poder dar um exemplo, de modo que o outro indivíduo aprenda mais rápido", definem eles.
Eles estudaram o modo como uma formiga "professora" ensinava à "aluna" o caminho até uma fonte de comida. O caminho era demorado, e envolvia uma relação entre as duas --a "aluna" tocava a "professora" nas pernas ou abdômen com sua antena, e ela modificava seu comportamento em seguida.
Dar aula custa caro para a formiga professora. Ela poderia chegar quatro vezes mais rápido à fonte de comida se não tivesse de ensinar o caminho.